Programa Alto Taquari é destaque como iniciativa de restauração em Mato Grosso do Sul
Instituto Taquari Vivo, criador do Programa Alto Taquari, relata dificuldades enfrentadas pela pecuária na restauração de áreas degradadas na planície e no planalto do Pantanal.
Doutor em Ciências Ambientais e diretor executivo do instituto, Renato Roscoe, apresentou iniciativas para restauração do solo e da água em seminário realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para celebrar o Dia Nacional da Conservação do Solo, comemorado nesta sexta-feira (15).
Segundo ele, a questão ainda é complexa para o produtor. Além da falta de infraestrutura e acompanhamento técnico, a conservação do solo e da água em nível regional dificilmente acontecerá sem o movimento e apoio de agentes mobilizadores.
Enfatizou que o momento é favorável para ações práticas que, ao mesmo tempo, podem impulsionar a produção e proteger o ambiente.
“Estamos vivendo a década da restauração, instituída pela ONU. Acreditamos que esta iniciativa vem de encontro e fortalece as ações que já tem acontecido. Recuperar as pastagens e implantar práticas de conservação do solo restauram o ambiente e a produção. É o momento de potencializar as práticas, protegendo os solos, a água e a renda dos produtores”, destacou o diretor.
Para o Doutor em Ciências Ambientais, um dos principais desafios está na percepção do problema.
De acordo com ele, muitas vezes os processos de degradação não são reconhecidos pelo produtor, que só se dá conta quando chega num ponto de avançado com erosão do solo e financeira, difíceis de recuperar.
“Há a crença de que os recursos naturais são infinitos e que vão sempre se recompor”, complementa.
“Apesar dos desafios, temos um caminho a seguir. Ele se inicia com uma abordagem integrada. Precisamos enxergar o planejamento da propriedade como um todo, assim como a sua interação com o entorno. Os produtores precisam de uma visão de longo prazo, compreensão da propriedade, busca de conhecimento constante, assim como de assistência técnica. Outro ponto importante é a articulação. Seja ela entre produtores, associações, sindicatos e entidades públicas e privadas, precisamos mobilizar toda a cadeia”.
O seminário foi transmitido pelo canal do Youtube do Mapa e contou com a participação do novo ministro da agricultura, Marcos Montes.
“O solo é, sem dúvida alguma, um dos recursos naturais mais importantes da humanidade, é base para a garantia da segurança alimentar e conservação da biodiversidade, além de grande reservatório de carbono. O Brasil lidera as políticas públicas estratégicas para promover, fomentar o manejo sustentável do solo”, destacou o ministro.
– Divulgação/ Taquari Vivo
Programa Alto Taquari
O programa foi apresentado no seminário como um caso em andamento, que vem buscando a restauração ambiental e reestruturação da pecuária na bacia do Alto Taquari.
Ainda no início, o projeto passou por dois anos de diagnóstico e entendimento do rio Taquari, um dos principais formadores do pantanal, responsável por 36% da planície do bioma.
Com a análise dos estudos, foi constatado que o Taquari é um dos rios mais assoreados do país, detectando a necessidade de se criar uma instituição para catalisar os esforços para recupera-lo.
Para reduzir o assoreamento dos rios do Pantanal, é preciso trabalhar com os planaltos que têm suas águas drenadas para as planícies pantaneiras. Planalto e planície estão intimamente ligados.
Ainda há a necessidade de uma abordagem integrada, melhorando a pecuária, recuperando as pastagens, implantando estruturas de contenção de erosão e restaurando matas ciliares.
O projeto entende que somente com uma pecuária forte e produtiva que os produtores terão capacidade de investimento para um adequado manejo do solo, com a preservação da água e da biodiversidade na região.